Nutrição e Câncer – Outubro Rosa

  1. Entendendo o Câncer

Caro leitor, neste pequeno artigo quero lhe informar de maneira básica, sucinta e simples sobre uma doença que tem afetado milhares de mulheres por todo mundo, o câncer de mama. Aqui destaco pra vocês os principais pontos de cuidado na visão de um nutricionista. Espero que goste da leitura.

O segundo mais comum tipo de câncer que acomete ao indivíduo, inclusive com graus significantes de malignidade é o Câncer de Mama, afetando em torno de 23% das mulheres no mundo. Apesar da alta incidência em países ocidentais, o câncer vem se tornando mais comum ao redor do mundo pelos seguintes fatores:

  • Aumento da expectativa de vida;
  • Urbanização e ultra processamento de alimentos;
  • Adoção do estilo de vida ocidental sedentário e com más escolhas alimentares;

Mesmo com o grande avanço no diagnóstico precoce, com a cirurgia de alta tecnologia e com o tratamento adjuvante de medicamentos modernos há o risco da recorrência do câncer até mesmo depois de 20 anos do início do primeiro diagnóstico. Pesquisas também mostram que há o risco do desenvolvimento do ganho de peso e do desenvolvimento de outras comorbidades, como doença cardiovascular e distúrbios metabólicos.

O que é câncer, como surge e diagnóstico - Tua Saúde

Devido às modificações nas células da glândula mamária, onde tais modificações podem ocorrer por diversos fatores, a multiplicação desordenada das células causa uma má formação no local, chamado de tumor, que pode ser maligno ou benigno. As principais causas de má formação vêm decorrente da modificação da estrutura do DNA destas células que deveriam ser saudáveis, porém são agredidas.


2. Radicais Livres e Câncer de Mama

Os Radicais Livres são formações moleculares que podem ser produzidas pelo nosso corpo ou adquiridas por diversos fatores. Essas moléculas, instáveis no nosso organismo em alta quantidade atrapalha o funcionamento normal de uma célula, pois o radical consegue “entrar” na célula e modificar seu DNA, causando danos irreversíveis. Este processo seguido repetidas vezes causa uma má formação nas próximas células a serem produzidas culminando na formação do tumor.

A exposição aos raios ultravioletas, poluição, fumaça e compostos do cigarro, estresse crônico, privação de sono, sobrepeso e obesidade e o consumo desordenado de alimentos ultraprocessados, fast-food e embutidos aumentam a produção dos radicais livres e ainda diminui a capacidade de defesa do organismo contra os radicais livres.

Radicais livres: o que são, como se formam e como se defender deles


Hoje as novas abordagens anticâncer estão em combater os radicais livres por meio da adoção de um estilo de vida saudável. Ser fisicamente ativo, alimentar-se de forma saudável e fazer o manejo das condições de vida são peça chave para diminuir as chances de um tumor se proliferar.


3. Fatores de Risco para o desenvolvimento do Câncer de Mama

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama são descrito pelos autores como: mulheres acima dos 65 anos de idade; predisposição genética, tanto pela modificação no DNA quanto pelo histórico de doença na família; menarca antes dos 12 anos de idade; menopausa após os 55 anos; idade da primeira gestação acima dos 30 anos; infertilidade e a não gestação; uso de contraceptivos; tratamento hormonal após menopausa e histórico de amamentação.

Os fatores de risco modificáveis, como estilo de vida e modelo de alimentação estão ligados ao desenvolvimento ou não do câncer, onde mulheres com sobrepeso ou com obesidade tem o maior risco de mortalidade pós câncer de mama e maior incidência no acometimento da doença, tendo as escolhas alimentares um grande impacto no desfecho do câncer de mama.

Fatores que ajudam no prognóstico e na sobrevida do indivíduo acometido de câncer de mama através da alimentação:

  • Consumo de frutas e vegetais;
  • Consumo de cereais integrais, aves e peixes;
  • Baixo consumo de carne vermelha;
  • Baixo consumo de alimentos ultraprocessados;
  • Consumo de leites e derivados;

Tais escolhas vão de acordo com as principais referências de saúde no manejo da doença e, além disto, O Fundo de Pesquisa para o Câncer e O Instituto Americano de Pesquisa para o Câncer recomenda:

  •  Manutenção de um peso saudável ao longo da vida;
  • Ser fisicamente ativo;
  • Fazer escolhas alimentares com alimentos ricos em fibras e soja;
  • Limitar o consumo de gorduras do perfil saturado;

Em pacientes em tratamento quimioterápico, a nutrição deve ser baseada também em um padrão de escolhas saudáveis, o que diminui os efeitos tóxicos dos medicamentos utilizados.

4. Estilo de vida e câncer de mama

“Por que o estilo de vida atual pode aumentar o risco do desenvolvimento do câncer?”. Tudo depende do estilo de vida, pois o que se vê e pesquisa hoje em torno da alimentação atual, dita como ocidental acima, tende a modificar o peso da população, deixando-a com sobrepeso e obesidade. O aumento da gordura corporal aumenta o número e o volume das células de gordura que em expansão e multiplicação se tornam potencialmente inflamatórias. Este padrão pró-inflamatório envia sinais químicos para todo o corpo, e isto acontecendo por anos, danifica as células podendo desenvolver o câncer.

“Por que devo consumir frutas e vegetais na prevenção e tratamento do câncer?”. O consumo destes alimentos fornece ao organismo fibras e fitoquímicos. Os fitoquímicos, dentre eles os polifenóis, possuem características únicas no combate ao desenvolvimento de uma célula em má formação (câncer). Além disto, os polifenóis inibem a atividade oxidante e inflamatória do organismo, diminuindo as chances de uma célula ser agredida por um Radical Livre, principal causador das deformidades no DNA das células. O consumo de fibras, além de modular o sistema metabólico controlando a insulina, irá ser fermentada por bactérias no intestino, e esta fermentação irá formar alguns gases com propriedades regulatórias para o sistema imunológico, deixando o organismo mais resistente a potenciais ataques. 

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Os principais grupos de polifenóis são:

  • Ácidos fenólicos presentes no café;
  • Estilbenos, como resveratrol, presente nas uvas;
  • Cumarinas, presentes no aipo;
  • Ligninas presentes na linhaça;
  • Flavonoides;

Os flavonoides são o grupo mais atualmente estudado e possuem mais de 5000 compostos identificados. Frutas e hortaliças, chás, cacau, soja, dentre outros são os de maior relevância. Por isso o incentivo ao consumo de pelo menos 400g de frutas e vegetais durante o dia é estimulado não só por órgãos internacionais, mas também presente no nosso Guia Alimentar Para a População Brasileira, guia que indica e ensina a como se alimentar de maneira equilibrada e eficiente, evitando o acometimento de doenças crônicas não transmissíveis.

5. Nutrição para prevenção

Como posso me alimentar melhor para ter saúde?

Aqui no consultório de nutrição a primeira coisa que costumo ouvir dos pacientes é: “Dr., o que preciso cortar da alimentação para melhorar?”. Em resposta eu sempre oriento e digo que devemos modificar este tipo de pensamento restritivo. A pergunta ideal seria: “O que eu preciso inserir na minha alimentação para melhorar minha saúde?”. O primeiro passo é a adoção de melhores escolhas alimentares, evitando produtos que são extremamente industrializados. Um bom exemplo são os salgadinhos tipo chips, refrigerantes, embutidos tipo salame, congelados prontos tipo lasanhas e massas, dentre outros. Mas quero focar aqui em algumas pequenas atitudes que você pode tomar para melhorar sua alimentação de uma vez por todas.

Saiba como montar um prato saudável

  • Consumir de 2 a 3 frutas no decorrer do dia;
  • Consumir vegetais folhosos e legumes no almoço e jantar;
  • Consumir carnes magras, peixes e ovos;
  • Consumir de 2 a 3 porções de leites e derivados magros no dia a dia;
  • Preferir preparações caseiras com baixo teor de sal e gordura; 

Com essas pequenas mudanças já se tem um aparato nutricional bom para manter o corpo saudável, combater os radicais livres do dia a dia e evitar com que seu corpo seja agredido por alimentos ruins.

O controle do peso e da gordura corporal são essenciais para que o organismo não produza moléculas inflamatórias, e o tipo de escolha alimentar que você faz hoje pode impactar não somente no amanhã, mas nos próximos anos de vida.


6. Quimioterapia e nutrição


Pacientes em tratamento costumam sofrer com os colaterais dos medicamentos ao longo do tempo e isto impacta severamente na qualidade de vida. Alguns medicamentos podem, de certa forma, contribuir para algumas lesões de mucosa e modificações nos neurotransmissores cerebrais, que é o caso da Neuropatia Periférica Induzida pela Quimioterapia.

Mucosite: as temidas feridas na boca - Revista Online ABRALE

Esta é uma doença que acomete cerca de 30-40% dos indivíduos em tratamento quimioterápico, muitas vezes irreversível se não tratado. Os principais sintomas associados são: dor, dormência, formigamento e sensibilidade ao frio nas mãos e nos pés.

Minerais como o Cálcio e Magnésio são propostos importantes na etiologia da neuropatia, pois ambos estão envolvidos na excitabilidade da contração dos nervos neuronais e na contração muscular. Baixos níveis de magnésio circulantes antes do início do tratamento estão associados a danos mais severos da neuropatia. Há alguns estudos que correlacionam níveis destes minerais como fator protetor para o desenvolvimento da doença. 

Pacientes em tratamento quimioterápico tendem a ter o consumo de alimentos insuficiente, dados que os medicamentos podem causar, além de neuropatia, distúrbio gastrointestinais, como inflamação na mucosa, conhecido como mucosite e outros sintomas. Este baixo consumo é relatado em alguns estudos, que estimam a ingestão menor do que 350mg de magnésio por dia. Suplementação de minerais neste caso pode melhorar os estoques corporais e diminuir os sintomas associados ao tratamento, dando um ambiente mais favorável a recuperação do paciente.

 Chemotherapy-induced peripheral neuropathy: review for clinical practice*


  1. Suplementação Alimentar

A Suplementação alimentar vem surgindo com mais ênfase nos últimos tempos, dados que a ciência e a farmacêutica avançam com novas pesquisas e técnicas, mas devemos ter um senso crítico importante na utilização dos produtos. A indicação do uso do suplemento alimentar é interessante desde que o paciente já tenha adotado algumas condutas básicas de alimentação ou para pacientes que são impossibilitados de se alimentar adequadamente pelo excesso de colaterais dos medicamentos.

Durante o processo de tratamento o corpo precisa de maiores quantidades de calorias e alguns nutrientes, pois a agressividade da doença requer maiores medidas de tratamento. Com isso, a suplementação pode se tornar uma estratégia eficaz e segura para que o paciente tenha melhores condições de recuperação.

  1. Litho Calcium – Composto mineral

O Litho Calcium, que é um produto a partir de algas marinhas calcificadas e beneficiadas para o consumo seguro, pode ser uma boa estratégia de suplementação. Esse composto de algas é rico em Cálcio, Magnésio, Ferro, Silício e muitos outros minerais que vão agir em favor ao organismo e até mesmo para o controle de alguns colaterais conforme dito anteriormente. Além disto, é parte da estrutura do Litho Calcium um elemento que se chama glicosaminoglicanos, que é um polissacarídeo originário na estrutura da alga. 

Seu uso tem sido relacionado com propriedades benéficas à saúde, como: atividade antioxidante, combatendo os radicais livres onde as fucanas sulfatadas diminuem o rolamento dos leucócitos, e isto atenua a sinalização da inflamação mediada por interleucina-1 e fator de necrose tumoral alta, TNF-alfa.

Home - Saúde na melhor idade - LITHO CALCIUM

Os minerais ajudam tanto na melhora metabólica, otimizando o funcionamento das enzimas do metabolismo quanto na regulação de neurotransmissores, deixando um ambiente favorável ao bem-estar do indivíduo.

Gustavo Guerra – Nutricionista Clínico e Esportivo | Guerra Nutrição
CRN.MG 9. 20826

Referências:

[1] Cicco, Paola de et al. Nutrition and Breast Cancer: A literature Review on Prevention, Treatment and Recurrence.Nutrients 2019, 11, 1514.

[2] Faller, Ana Luísa Kremer; Fialho, Eliane. Disponibilidade de Polifenóis em frutas e hortaliças consumidas no Brasil. Revista de Saúde Pública 2009;43(2):211-8.

[3] Wesselink, Evertine et al. Dietary Intake of Magnesium or Calcium and Chemotherapy-Induced Peripheral Neuropathy in Colorectal Cancer Patients. Nutrients 2018, 10,398.

[4] Haber, Grace. Controle da Neuropatia induzida pela quimioterapia. Instituto Nacional de Câncer.

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